Resenha 6º etapa

Por Uyatã Rayra

6ª Etapa

Iniciamos o Torneio com um quarto de hora de atraso, por causa da nova mesa que teimava em não chegar. Começamos sem mesa nova mesmo, se não atrasaríamos mais ainda. Duas horas depois - ou mais - ela chegou, e era magnânima, rapidamente nos remanejamos diante da beldade. Assim, a apertação de mente provocada pela demora foi sendo saldada no transcorrer das 8 horas seguintes, e como diria nosso presidente Matheus: mais uma vez marcamos a história do pôquer em Feira de Santana!!!

As peculiaridades dessa etapa foram tão singulares para mim, que pretenderei descrevê-las a partir das sensações que tive.

Durante todo o torneio fui envolvido por um sentimento de preocupação e satisfação. Dos 8 novatos que lá estavam, 5 foram levados por mim, e isso me demandava um certo grau de responsabilidade para com eles, ainda mais que 4 destes 5 jamais tinham jogado um torneio ao vivo. Éramos 20 ao total - número inédito – todos pleiteando, sem dúvida alguma, a primeira posição, que além de ser premiada em R$90,00 reais, iria conceder 1000 pontos no ranking. Tal pontuação elevaria até quem não participara de nenhuma etapa anterior às primeiras posições no ranking.

Das 3 mesas iniciais, fiquei atento, principalmente à primeira. Essa mesa era a que abrigava o maior desequilíbrio, e estava sendo dominada respectivamente pelos irmãos Demétrio e Renato. Cheguei a pensar que dali sairia o ganhador - talvez um destes calouros. Poker é imprepensável!!

Tive uma certa esperança preliminar que Azais – talvez o mais experiente dentre nós- tivesse uma participação exemplar. Fui frustrado logo nas primeiras horas do jogo, ao perceber sua estratégia suicida. Foi o segundo eliminado.

Numa auto-análise, reconheço que eu não estava muito bem no decorrer das partidas. Na minha mesa, o chip líder era Thiago Galego, e Diego ocupava a segunda posição – a maioria das mãos era dominada por estes dois jogadores. Quanto a segunda mesa, posso dizer que estava equilibrada, mas não prestei muita atenção em quem estava à frente, até porque Eduardo – que estava sentado nessa mesa - implicava bastante com as minhas freqüentes “corujadas”. Peço-o perdão!

Algumas horas depois, três mesas se uniram em duas, e percebi uma grande reviravolta. Os chip líderes da primeira mesa não conseguiam se desfazer de uma mão sequer, e rapidamente suas fichas minguaram. Por outro lado, Léo ascendeu vertiginosamente, o que me preocupou bastante, ainda mais por um comentário que Matheus nos fez:

- Eu sonhei essa noite que Léo ganharia!!!

Eu e João Daniel estávamos miados de fichas, e talvez por isso quase não jogávamos direito. Minha situação, que já não era boa, piorou quando Daniel me deu um espanque, deixando-me com pouco mais de 900 fichas, fui ao abismo!!

Lembro-me que estava para começar o BBB, quando fomos remanejados para a mesa final. Éramos eu, Thiago olhos verdes, Thiago olhos azuis, Matheus, João Daniel, Vitor cunhado de Thiago, Vitor primo de Matheus, Adônio e Léo. Desses nove, dois eram novatos, a saber: João Daniel e Vitor cunhado de Thiago. Eu estava feliz pela perseverança de Daniel.

Agonizante, eu penava meras 800 fichas, enquanto o restante dos jogadores enumerava pilhas e pilhas de fichas pretas e azuis. Os Blinds sobiam cada vez mais, e dava-me a impressão de que havia uma parede móvel me compelindo a correr com destino ao despenhadeiro. Cheguei a ter 350 fichas, quando Eduardo propalou:

- Esses são os últimos blinds para Uyatã !!

E os últimos blinds chegaram ... Junto com o botão do small veio-me um par de dez, e sem pensar dei all-in! Meu all in era de 300 fichas, ou seja, o dobro do big blind. Quase ninguém pestanejou em pagar. Nem quis ver o resultado, transtornado, fui dar uma volta. De longe escutei alguns gritos, e não soube distinguir ao certo se quem estava gritando era o ganhador, ou se estavam gritando porque eu tinha ganhado. Ao retornar a casa de Matheus, percebi que eu acabara de receber um choque de eletrocardiograma!

Ao sentar novamente na mesa senti saudades de Phantom e suas “pérolas”, mas não voltei pra casa frustrado graças a Matheus. Às 23:30 horas, éramos apenas 7, quando ele, aludindo à sua companheira que estava na sua escolta, pronunciou o que viria a ser a frase da noite:

- Se for pra ter sorte no jogo e azar no amor, eu prefiro ... ficar bem com você meu amor, é claro!!!

A mesa veio abaixo ...

À meia noite o semblante dos jogadores estampava exaustão. Léo com dor de cabeça deu sit out, e ficou umas dez rodadas fora. Eu também sentia dor de cabeça, mas como não tinha lastro suficiente para acompanhar Léo, pedi para Ludmilla – irmã de Matheus – uma aspirina, dorflex, doril, qualquer coisa ...

De uma hora pra outra, restávamos só 4 : eu, Thiago, Matheus e Vitor. Matheus que tinha pouco mais de 2000 fichas foi o primeiro a pedir all in, e Vitor pagou. Matheus, aparentando derrota, soltou:

- Você ganhou Vitão, não tenho nada! Só fiz isso para roubar os blinds!

E despejou um K 2 na mesa.

Vitor tinha um K e outra carta que não me recordo, entretanto Matheus estava dominado, pois a segunda carta de Vitor era maior, e disso tenho certeza. O galão de oxigênio veio para Matheus no river. Um incrível 2.

O segundo a pedir all in foi Vitor, e eu tive um infortúnio de pagar. Vitor flopou uma sequência, e quase todas as minhas fichas azuis foram embora, restando-me apenas as fichas suficientes para sobreviver. Minutos depois Thiago que era chip líder tomou um quebrão de Matheus e em seguida transtornou ... Depois disso, veio-me um par de QQ, e um A e J para Thiago. Ele pediu all in, eu paguei e ele foi eliminado. Os três finalistas da 5ª etapa estavam novamente na arena com seus gládios em riste.

Não tardou para que Matheus pedisse all in contra mim e na mão seguinte Vitor. Esgotado, celebrei com euforia. Estava finda a sexta etapa...

Gostaria de parabenizar especialmente aos crupiês, que se disponibilizaram honrosamente e gratuitamente para exercer ofício tão cansativo, por assim saber: Iuri, Diego, Rico, Eduardo, Gustavo e João Daniel.

Parabéns também a Ludmilla, que se predispôs a fazer cafezinho, comprar biscoitinhos e agilizar água.

Por fim, parabéns a todos que contribuíram para que a sexta etapa fosse tão massa quanto foi!!!

Uyatã Rayra