Comunidade Feirense de Poker

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Matheus Barros consagra-se Campeão da V Etapa do Circuito Feirense de Texas Hold'Em

                                              Matheus Barros - Campeão da V etapa  - 2011





Um jogo “fenomenal” (ou V Etapa Feirense de Pôquer)



“A cor laranja te levará ao céu”

(Mariana dos Santos)



Por João Daniel



Quem olhasse para o céu de Feira de Santana no final da tarde deste último sábado parecia não acreditar em seus próprios olhos. As nuvens haviam sido todas inundadas por um intenso e inesgotável laranja, e aquela paleta de cores insólita parecia anunciar o apocalipse que por algum motivo não chegou a acontecer no sábado retrasado. Nunca a cor laranja pareceu tão imponente, tão solar e tão verdadeira – era um pôr-do-Sol diferente, enfim. Coisas que a gente só vê por aqui em mesmo, na princesa do Sertão.



Quem olhasse para as televisões, não de Feira, mas de todo o país, na tarde deste último sábado, parecia não acreditar em seus próprios olhos. No Serra Dourada a nossa seleção tentava dar o troco à eterna Laranja Mecânica – a Holanda – pela derrota vergonhosa que sofremos na última Copa do Mundo. Depositando as esperanças num Neymar em ótima fase, e estando otimista até mesmo com um 4-3-3 absurdo de Mano onde um Fred era camisa 9 e o meio-de-campo tinha um Elano da vida, ainda assim conseguimos nos frustrar com um medíocre zero a zero, com atuações fracas e lamentáveis. Um amistoso decepcionante, enfim. Coisas que a gente só vê acontecer com a seleção brasileira da CBF de Ricardo Teixeira mesmo.



Quem olhasse, por fim, para a Associação Beneficiente Colibri, Local de Eventos, no fim da tarde deste último sábado, também parecia não acreditar em seus próprios olhos. De laranja só tinha mesmo a pochete de Ludmila, que, juntamente com Dona Ovany e Keila, ficaram encarregadas de administrar o bar e lanchonete posto no local para auxiliar os estômagos e os psicológicos resistentes dos combatentes na atual missão; que, diga-se de passagem, é sempre a mesma para todos: GANHAR O TORNEIO. O que estávamos custando a acreditar era no desenrolar desta etapa - de fato, várias coisas incríveis estavam por acontecer, e que entrariam em concordância com um pôr-do-Sol exuberante e um amistoso internacional de qualidade completamente oposta.



Tudo começou quando os atuais campeões e até mesmo alguns veteranos de guerra começaram a cair, um a um, em período recorde de tempo. Mesmo com o stack dobrado (pulou de dez mil fichas para vinte mil fichas), não foi possível burlar Deus nem o Diabo (em outras palavras, a Sorte e o Azar nas cartas). Tudo por causa da aparição relâmpago e arrasadora de um sujeito desconhecido que atendia pelo nome de Victor Bal, um radical agressive-man que não tinha apego nenhum às fichas e que estava disposto a aterrorizar no campo de batalha. Pouco adiantou preparar toda aquela área de campo minado e aquela cerca de arame farpado; de nada serviu preparar os arqueiros para ataques à distância, nem enfileirar os escudeiros para proteger o castelo; os lanceiros a cavalo tomaram a frente para proteger a retaguarda, mas isso também de nada adiantou; Victor Bal e seus 300 de Esparta invadia tudo com raises pré-flop que desafiavam a lógica, a matemática e até a física e destronava vários impérios sólidos e poderosos. Enquanto isso, os outros participantes se sentiam, e com razão, coadjuvantes nessa batalha épica, e a própria força avassaladora de Victor Bal parecia contaminar as outras mesas de pôquer. Talvez por isso, o já duas vezes campeão desta temporada Diego Cerqueira foi o primeiro dos gigantes Titãs a cair em desgraça, sendo o 5º eliminado. Mas, a Batalha de Stalingrado era mesmo na Mesa 2. O “prata da casa” Diego Galo sucumbiu; o velho conhecido Germivanio Barreto também; o novato na comunidade porém muito experiente e talentoso – e, aliás, atual campeão – Eduardo Souza também caiu perante as cartas de Bal. Cartas inacreditáveis como 10, quatros, duques e setes que trincavam, “flushavam”, “full-houseavam” e seqüenciavam e derrotavam gigantes como Reis, Rainhas, Valetes e Áses. Pares de mão não pareciam significar nada; Bal estava prestes a reinventar um modo de jogar pôquer. Um suicida que não morria. Um kamikaze que não perecia.



Até que, para acalmar os ânimos, anoiteceu e Bal teve de ficar de sitting out. Foi um alívio. O jogo voltou à normalidade possível. Mas a tensão permaneceu no ar, pois Bal poderia voltar a qualquer momento. Enquanto isso, Brasil empatava com a Holanda.



O campeão da temporada passada Uyatã Rayra foi um dos que incentivou Bal a voltar bem mais tarde. Segundo ele, Bal, pelo acúmulo surreal de fichas, estaria garantido na mesa final. Aliás, seu stack era tão precocemente monstruoso que ele já teria pelo menos o 3º lugar garantido. Até que, de repente, o chão estremeceu; os pêlos se eriçaram; a adrenalina subiu – era Bal que estava de volta.



Nesse intervalo ele tinha surrupiado boa parte das fichas de também outros campeões, como Léo Souto e o campeão do torneio dos campões e sempre ameaçador Darlan Oliveira. Agora, porém, só havia duas mesas e uma surpresa: o presidente da comunidade, Matheus Barros, estava jogando também esta etapa. E estava jogando muito bem. No sorteio de mesas, ele caíra na mesa de Bal bem no momento que este regressara. Nesta mesa também estavam o próprio Darlan, além de Uyatã Rayra e outros nomes de peso como Luciano Barros e o novato Iago Oliveira que também vinha dando dor de cabeça. E, é claro, eu. Que, naturalmente, me senti no verdadeiro inferno de Dante. Pior impossível.



O primeiro a desafiar o rebelde Bal foi Uyatã, o chefe absoluto do império Rayra, um império gigantesco de mais de 60 mil fichas. O primeiro jogador da comunidade a ganhar duas etapas consecutivas (no ano passado). O pesadelo de todos os tights. Mas, pobre dele, apenas mais uma vítima de Bal. Também caiu. O pânico tomou conta da Terra. Era o fim dos tempos. Nada parecia conter aquele espartano, aquele Che Guevara às avessas. Só parecia existir uma única solução: Matheus de Oliveira Barros, presidente da Comunidade Feirense de Texas Hold’em. Quando todos imaginavam que ele estaria enferrujado por ficar muitos meses sem jogar, o que aconteceu foi justamente o contrário: um jogo inspirado e, por que não, fenomenal.



Unindo técnica, sorte, jogadas habilidosas e, o mais importante, um tratamento psicológico fora do comum, Matheusão domou a fera, achou-lhe os pontos fracos, blefou, pagou pra ver, perdeu, ganhou, mas, por fim, como o Hércules, conseguiu cortar a cabeça da Hidra de tal forma que ela não pôde mais renascer. Tudo no fair play, é lógico (perdão pelas imagens exageradas). Mas a emoção foi grande demais. Parecia até mesmo o fim da etapa, embora ainda nem tivesse sido formada a mesa final. Depois disso, só havia uma conclusão justa: a vitória de Matheus. Isso aconteceu? Sim. Facilmente. Aí é que está: não.



Porque Ricardo Camarão e Luciano Barros estavam dispostos, sim, a não dar o braço a torcer. Eu cheguei na mesa final apenas como coadjuvante, admito. Mas Camarão, diferentemente de Bal, não cedeu aos ataques, sobretudo os psicológicos, de Matheusão, que acabou perdendo muitas fichas na mão deste. Mas quando a noite é de um jogador, a estrela brilha apenas para ele, e o que Nelson Rodrigues chamaria de “óbvio ululante” aconteceu: Matheusão venceu o duelo com Camarão. O Head’s Up com Lu Bahia parecia ser só uma questão de tempo, já que este, discreto, aparentava não apresentar ameaças. E Matheusão, num ímpeto triunfal, tentou subjugá-lo às pressas. Se deu mal: em estratégias de jogo invejáveis, Lu Bahia reverteu o jogo diversas vezes, e estava prestes a ganhar. A mesa ficara em silêncio absoluto e só se ouvia as palavras do dealer e o valor das apostas. Até que Matheusão, de repente, percebeu que era preciso provar de uma vez por todas que o vencedor não poderia ser outro. Numa jogada que parecia um pintura do velho Ronaldo Fenômeno, fez dois pares improváveis (Valete e quatro) e, como se fosse no contrapé do goleiro Lu Bahia, fez este acreditar que seu par de As era o par maior da mesa.Matheus num chute certeiro na direita Lu Bahia, o mesmo chamou all- in, caindo para a esquerda, mostrou o par de As e, quando olhou pro lado, entendeu tudo: o ingrato flop Valete – Quatro e o traiçoeiro As fizeram a bola voar para a direita e morrer no fundo do gol. Gol de Matheusão Fenômeno. Tilt de Lu Bahia. Reversão de fichas. O começo do fim. Poucas mãos depois, vitória do presidente. Justa. Perfeita. O começo? 15:00 da tarde de sábado. O fim? 04:30 da manhã do domingo. Acreditem. Se quiserem.






3 comentários:

  1. Parabéns pela vitória ktchão!!! Vlw Lú bahia, grande resultado !!!
    parabéns a joão daniel pelo ótimo texto!

    vida longa a cfp!!!!!!

    abraços

    Diego Cerqueira

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  2. Gostaria de parabenizar o Campeão pela merecida vitória, o vice por mostrar que todos os estilos de poker podem ser vitoriosos, meu capitão pelo brilhante terceiro lugar e acima de tudo dizer que me sinto muito honrado em pertencer a essa comunidade que além de bons jogadores conta ainda com um craque das letras, habilidoso a tal ponto de traduzir em palavras as emoções sentidas naquele ambiente. Por isso, meus parabéns, também, a João Daniel.

    Grande abraço a todos.

    Darlan Oliveira

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  3. Como sempre costumo dizer... a coisa que mais ganhamos na CFP são amizades,nós somos as melhores vitórias para cada um!!! obrigado a todos participantes, estou feliz por minha vitória e por saber que todos fizeram parte dela!! abraços

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